Artigo de periódico
As relações do trabalho no contexto da globalização
Artigo de periódico
As relações do trabalho no contexto da globalização
[por] O sistema capitalista vem ao longo de sua trajetória procurando as mais diversas justificativas para manter-se como modelo dominante. Ao invés de questionar suas falhas, cria modelos econômicos apoiando-se nas mais diversas teorias. Nesse sequencial está ficando cada vez mais claro que as recidivas das crises capitalistas decorrem da própria contradição interna desse sistema, qual seja, sua incapacidade de se desenvolver distribuindo valores adquiridos pelo esforço dos trabalhadores, e pelo descontrole dos fluxos financeiros internacionais na busca desenfreada de lucros, atreladas à redução do valor do trabalho. A redução de salários e empregos provoca efeito maior na queda de arrecadação e do poder aquisitivo. Modelada por premissas políticas neoliberais, a globalização traz consigo propostas de hegemonia do mercado de perfil ideológico disseminador do fim da história do mundo do trabalho, com isso, descortina-se a maior contradição desse sistema capitalista: a valorização do capital como mercadoria amparada na fixação da retribuição salarial injusta e inferior à riqueza gerada pelo trabalho no processo de produção. São trocas desiguais que vêm a culminar com o aumento da taxa de desemprego e por consequência de lucro, que resvala para a concentração e monopólios, eliminando os concorrentes mais débeis. Não só as empresas débeis são destruídas, no mundo hegemônico destroem-se as culturas e até as consciências. Em razão desse quadro propõe-se a produção de um novo ethos, apoiado em crenças políticas de respeito às diferenças culturais, e dotar o direito como instrumento civilizatório e as instituições jurídicas como órgão de integração dos indivíduos nas sociedades. [eng] The capitalist system has throughout his career looking for the most diverse reasons to remain as dominant model. Instead of questioning their failures create economic models relying on several theories. This sequence is becoming increasingly clear that the recurrences of capitalist crises stem from the own internal contradiction of this system, namely, their inability to develop distributing values acquired by the efforts of the workers, and the lack of international financial flows in the unbridled pursuit of profits, linked to reducing the value of labor. The reduction of wages and jobs causes greater effect on the drop in income and purchasing power. Assumptions shaped by neoliberal policies, globalization brings with proposals for market hegemony of ideological profile disseminator of the end of history in the world of work, therefore, reveals the biggest contradiction is that the capitalist system, capital appreciation as a commodity supported in setting retribution unfair wage and lower the wealth created by labor in the production process. Unequal exchanges are coming to culminate with the increase in the unemployment rate and consequently profit that slides into the concentration and monopolies eliminating weaker competitors. Not only weak companies are destroyed, the world hegemonic destroy the cultures and even consciousness. By reason of this is proposed to produce a new ethos supported by political beliefs of respect for cultural differences, and provide the law as an instrument of civilization and legal institutions as an organ of integration of individuals in societies.
Para citar este item
https://hdl.handle.net/20.500.12178/194695Notas de conteúdo
Generalização do sistema capitalista: O velho e o novo espírito capitalista. Reestruturação capitalista: o terceiro espírito: O discurso da crise. O terceiro espírito -- Globalização neoliberal: O direito e o Estado na globalização neoliberal -- Os impactos da globalização neoliberal nas relações de trabalho -- Do pensamento único à consciência universal: a pertinência da utopiaFonte
CAVALCANTI, Lygia Maria de Godoy Batista. As relações do trabalho no contexto da globalização. Revista Fórum trabalhista: RFT, Belo Horizonte, ano 2, n. 8, p. 105-159, set./out. 2013.Veja também
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