Objetiva clarear a sombra jogada na atual China e em seu sistema de organização produtiva, dando voz ao que ele fez e faz para a classe trabalhadora mundial, qual seu papel na organização de forças do mundo hegemonicamente ocidentalizado após a queda do Muro de Berlim e o fim da experiência socialista soviética (tirando pontos fora da curva, como em certa medida o próprio gigante asiático, Cuba, Coréia Popular e outros). Ao mesmo tempo em que o interesse concentra-se objetivamente no interior do período da formação da República Popular até os dias atuais, um recorte se mostra evidentemente impossível. Submeter-se-á a materialidade histórica chinesa da única maneira possível para uma análise coerente, tendo em mente a teoria marxiana e uma análise classista dos quadros de forças e interesses que carregaram e construíram as diferentes realidades objetivas pelas quais o país e seu povo passou. Apenas analisando o papel da busca pela hegemonia do interesse potencial de diferentes classes – que alteram, dependendo do recorte histórico – do poder da sociedade política, será possível compreender o fenômeno de desenvolvimento da China como um todo. Não é possível realizar um recorte histórico, tampouco separar o direito, política e ciência econômica dos interesses correlacionados com o quadro de forças na luta de classes. Dito isso, passemos para como se dividirá a obra. A primeira parte se concentra em desvendar como as várias Chinas se tornaram uma nação unificada sob a dinastia feudal Qing; passando pelas épocas das Grandes Guerras Mundiais e pela ocupação japonesa até, por fim, chegarmos na resolução da guerra civil e a proclamação da República Popular. A segunda parte se concentra apenas no período ao qual Mao Zedong se estabelece como presidente da República Popular até sua morte em 1976, desenvolvendo – entre outros vários temas – a campanha de amizade com a URSS, a ocupação no Tibete, a Guerra da Coréia, o Primeiro Plano Quinquenal, o Desabrochar das 100 Flores, a Campanha Antidireitista, o Grande Salto Adiante, seu afastamento do PCCh e a Revolução Cultural. A terceira parte se concentra na sucessão de Mao Zedong e principalmente o papel de Deng Xiaoping nas reformas proporcionadas na China. Naturalmente, Discute temas como o “bando dos quatro”, o período no qual Hua Guofeng foi presidente do partido, as quatro modernizações, a relação da problemática que Xiaoping enfrentou na teoria do “Um país, dois sistemas” e daz Zonas Especiais e os eventos em Tiananmen. A quarta parte analisa o período referente à presidência de Jaing Zemin, Hu Jintao e Xi Jinping, dialogando acerca da questão do socialismo e o que a China representa, hoje, para o movimento emancipatório do proletariado mundial. A jornada é tortuosa, longa e complexa. Seria menos, acaso não fosse os repetidos esforços da hegemonia imperialista propagada pelos Estados Unidos e seus estados satélites de omitir, mentir e manipular tudo relacionado à República Popular da China. Ainda assim, é uma jornada importante.
Para citar este item
https://hdl.handle.net/20.500.12178/254501Notas de conteúdo
Parte 1: A história “das Chinas” até a República Popular: A China nunca mais será a mesma -- Entre a Espada, o Pão e a Unidade Popular – Parte 2: Mao Zedong e a República Popular: A consolidação do poder popular na China e a consolidação de Mao Zedong no PCCh -- O caminho tortuoso do pós-capitalismo -- O grande salto do maoísmo – Parte 3: Deng Xiaoping e a abertura econômica da China Popular: Deng Xiaoping, Hua Guofeng e a consolidação do PCCh após Mao Zedong -- A abertura econômica e a consolidação do polo ideológico reformista na RPC -- Tiananmen, “o regresso ao capitalismo” e a luta de classes na China Popular – Parte 4: A modernidade e a atualidade da China Popular: Jiang Zemin -- Hu Jitao – Xi JinpingFonte
MOREIRA, A. J., Não há caminhos retos no mundo. Belo Horizonte: RTM, 2021. 358 p. ISBN 9786555090598.Veja também
-
A intervenção do Estado no domínio econômico em face da crise econômica e do direito fundamental ao pleno emprego
Hasson, Roland; Lavalle, Ana Cristina Ravaglio | out. 2010Conforme opiniões dos mais variados analistas econômicos, veiculadas diariamente na imprensa, vivenciamos período conturbado por uma das mais graves crises que, certamente, marcará a história da economia. A experiência subministrada no século passado em face do colapso do capitalismo da década de 30, bem assim da crise ... -
Perspectivas do sindicalismo no atual padrão de desenvolvimento
Soares, Marcele Carine dos Praseres | fev. 2010O mundo do trabalho vem passando por mudanças significativas, seja no perfil de suas novas personagens, seja em seu próprio ambiente físico, nas relações entre patrões e empregados, ou ainda em sua regulamentação jurídica. Tudo isso faz com que se perquira sobre o real papel dos sindicatos nessa conjuntura até então ... -
Apagando o fogo: uma análise sobre o uso do sindicato para destruir o direito do trabalho
Jorge, Camila | 2022[por] Uma pessoa é única, em suas particularidades, mas também é composta por outras pessoas. Somos seres sociais, e foi graças a isso que evoluímos, superando as nossas fraquezas. No campo jurídico, o direito do trabalho é o melhor exemplo de que – como diz o provérbio – a união faz a força. Ele nasceu, em grande parte, ... -
Trabalho e desenvolvimento: cadeias produtivas transnacionais, relações de trabalho e o papel do sindicato
Tupiassú, Alessandra de Cássia Fonseca Tourinho | abr. 2011O crescimento econômico, embora constitua uma condição necessária, não garante o desenvolvimento de uma região ou país, especialmente em seu aspecto social. Assim, a estabilidade econômica não implicará em desenvolvimento se não acompanhada de mudanças estruturais que protejam ou até modifiquem as relações sociais. Porém, ... -
Direitos trabalhistas: sua preservação como direitos humanos e fundamentais em tempo de Covid-19
Koury, Luiz Ronan Neves | jul. 2020Trabalho redigido em pleno curso da pandemia no Brasil e no mundo, sem ainda o necessário distanciamento cronológico para avaliação de sua repercussão histórica nas sociedades e no comportamento das pessoas. Fala-se muito em uma virada de página histórica que traria um novo paradigma de sociedade com repercussão nas ... -
Eficiência econômica e a salvaguarda de direitos dos trabalhadores em tempos de domínio do mercado global: uma questão de equilíbrio
Gomes, Dinaura Godinho Pimentel | ago. 2014No desempenho de suas funções de coordenação, integração e modernização da ordem econômica, países que adotam o modelo de Estado Democrático de Direito, hodiernamente, estão cada vez mais sujeitos às imposições externas de organismos multilaterais e entidades internacionais, sob a hegemonia dos Estados Unidos e de sua ... -
Globalização e hegemonia: cenários para a desconstrução do primado do trabalho e do emprego no capitalismo contemporâneo
Delgado, Mauricio Godinho | maio 2005O primado do trabalho e do emprego na vida social constituiu uma das maiores conquistas da democracia no mundo ocidental capitalista. Tal conquista sedimentou-se na gestão pública do chamado Estado de Bem Estar Social, característico de boa parte do século XX no Ocidente, incrustando-se, desde então, no Direito. Mesmo ... -
Poder normativo da Justiça do trabalho: análise do antes, do agora e do possível depois
Ripper, Walter Wiliam | jul. 2005O poder normativo da Justiça do Trabalho, desde seu surgimento, foi objeto de críticas de um lado e defesas de outro. Discussões sobre seu banimento ou manutenção são largamente debatidas na doutrina jurídica e, sobretudo, na política nacional. Da análise aprofundada do direito coletivo do trabalho, nos deparamos com ... -
Dumping social e dignidade do trabalhador no meio ambiente de trabalho: propostas para a redução da precarização
Silva, Leda Maria Messias da; Novaes, Milaine Akahoshi | ago. 2015[por] O processo produtivo em um mundo globalizado tem repercutido pontos negativos para a classe trabalhadora. Em decorrência de um mercado competitivo sem fronteiras, surgiu o Dumping Social, que é um termo utilizado para definir uma estratégia das grandes empresas para reduzirem os custos e, por consequência, aumentarem ... -
A jornada intermitente e a expansão do limbo previdenciário: a quem caberá a proteção social da contribuição insuficiente?
Rizzo, Marcelo Vitor Silva; Pancotti, Heloísa Helena Silva; Razaboni Junior, Ricardo Bispo | jan. 2019[por] O Direito do Trabalho, assim como muitos outros ramos do Direito, tem uma carga grande de mutação para acompanhar a evolução da sociedade. Decorre que dos reflexos econômicos e políticos da Revolução Francesa e Industrial, as normas referentes ao trabalho foram sendo construídas. Em uma constante evolução formou-se ...