Artigo de periódico
Trabalho e desenvolvimento: cadeias produtivas transnacionais, relações de trabalho e o papel do sindicato
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Trabalho e desenvolvimento: cadeias produtivas transnacionais, relações de trabalho e o papel do sindicato
O crescimento econômico, embora constitua uma condição necessária, não garante o desenvolvimento de uma região ou país, especialmente em seu aspecto social. Assim, a estabilidade econômica não implicará em desenvolvimento se não acompanhada de mudanças estruturais que protejam ou até modifiquem as relações sociais. Porém, a busca da estabilidade econômica, segurança jurídica e financeira tem sido uma constante na exigência do mercado mundial. E, quando se tem em vista a economia globalizada, o discurso contrário ao capitalismo ou sua forma selvagem de lidar com direitos sociais torna-se repetitivo e inócuo, de modo que deve ser buscado o entendimento de sua estrutura e um caminho para sair de formas degradantes de se lidar com tal situação. O mito de que a mão invisível do mercado seria suficiente para garantir o trabalho — e com ele o meio de vida do indivíduo — foi derrubado há muito, e a realidade encarregou-se de comprovar a necessidade de certa regulamentação para garantia de um mínimo de oportunidade a todos e obrigações dirigidas àqueles que detém o meio de produção, como forma de equilibrar duas forças economicamente desiguais: o capital e o trabalho. Neste contexto, tem-se a observar que a economia globalizada, acompanhada pelo avanço tecnológico, diminuição de distâncias geográficas e culturais entre regiões, países, continentes tem aumentado sobremaneira a desigualdade social em virtude das diferentes formas com que vêm sendo tratados importantes atores deste processo, quais sejam os trabalhadores. Em momentos de crises, por exemplo, a história comprova o socorro governamental a empresas e, ultimamente de forma ostensiva, ao mercado financeiro. O que não impede demissões em massa e, geralmente, não é acompanhada de qualquer imposição para que estas não ocorram. Dados indicados pela Organização Internacional do Trabalho apontam que os esforços dos Governos para frear a crise passam sempre por políticas de apoio ao sistema financeiro e as empresas. Entretanto, apenas 9,2% dos recursos aplicados em 40 países destinaram-se a promover o emprego e os gastos em políticas sociais são de 1,8%. Tanto assim, que empresas que observaram crescimento em seu capital social e na quantidade de investimentos não tiveram a mesma melhoria na quantidade de postos de trabalho. Não se pretende, entretanto, discursar contra uma globalização inexorável e importante também para o desenvolvimento social, melhoria da qualidade de vida, descobertas científicas importantíssimas para o desenvolvimento da humanidade. O que se deseja é o estudo dos caminhos percorridos por empresas transnacionais e de que modo eles implicam na geração de emprego, aumento ou diminuição da renda do trabalhador, melhorias na qualidade de vida e precarização das relações trabalhistas. O estudo ocupa-se, ainda, com o papel dos sindicatos e algumas alternativas em busca de maior respeito pelos direitos sociais.
Para citar este item
https://hdl.handle.net/20.500.12178/164571Notas de conteúdo
Cadeias produtivas transnacionais opções de investimentos -- Estratégias de investimentos e influência nas relações de trabalho -- O papel dos sindicatosFonte
TUPIASSÚ, Alessandra de Cássia Fonseca Tourinho. Trabalho e desenvolvimento: cadeias produtivas transnacionais, relações de trabalho e o papel do sindicato. Revista Ltr: legislação do trabalho, São Paulo, v. 75, n. 4, p. 421-429, abr. 2011.Veja também
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