Artigo de periódico
Da ilusão de liberdade ao trabalho sem fim: o auge da informalidade no trabalho via plataforma digital da Uber
Artigo de periódico
Da ilusão de liberdade ao trabalho sem fim: o auge da informalidade no trabalho via plataforma digital da Uber
Com o advento da 4ª Revolução Industrial e seus avanços tecnológicos sem precedentes, surgem as empresas digitais, que têm provocado uma dilatação da economia informal no mercado de trabalho, especialmente no Brasil. Nesse novo cenário, os trabalhadores submetidos a essas plataformas absorvem e incorporam um discurso midiático de alcance da liberdade e do sucesso através do "empreendedorismo". Sem notar que estão sendo capturados em sua subjetividade, engajam-se à nova sistemática e são vítimas de um aumento na intensificação do seu trabalho. Com efeito, o modelo do tempo cibernético promovido pelas plataformas, por meio dos algoritmos, sujeita os trabalhadores a um mecanismo de parcelamento das suas tarefas laborativas e uma baixa remuneração. Via de regra, os assalariados digitais são pagos unicamente pelas horas efetivamente laboradas, não sendo computado o tempo à disposição da empresa. Esse é o contexto considerado pelo artigo, que objetiva analisar criticamente as relações de trabalho informal nas plataformas digitais, especificamente pelos mecanismos da Uber, sob a ótica da suposta liberdade prometida aos trabalhadores. Será essa ‘autonomia" capaz de legitimar a expansão da exploração do tempo de trabalho sem quaisquer limites? Para tanto, utiliza-se como metodologia de pesquisa a revisão bibliográfica, a partir dos quais se busca tecer uma análise fático-jurídica das condições de trabalho desses assalariados digitais da Uber, além da consulta a dados secundários fornecidos por órgãos oficiais. A hipótese a ser confirmada no curso da pesquisa é de que, na era do capitalismo digital, o discurso que promete liberdade para o trabalho, sucesso via empreendedorismo individual e engaja milhares de trabalhadores nas plataformas tecnológicas é uma quimera. Em verdade, a superexploração do trabalho pelo capital parece vir ocasionando a perda progressiva dos limites temporais e da proteção legal que põem risco à integridade física e psicológica do trabalhador. Em um cenário de poucas opções e mera luta por sobrevivência, resta ao novo proletariado de serviços da Era Digital o "privilégio" de poder servir.
Use este identificador para citar o enlazar este ítem
https://hdl.handle.net/20.500.12178/188672Notas de contenido
Os avanços tecnológicos da indústria 4.0 e as plataformas digitais de trabalho -- A reestruturação do trabalho e o auge da informalidade -- O discurso empreendedor e a ilusão de liberdade do "parceiro" da Uber -- O tempo cibernético e o trabalho sem fimReferencia bibliográfica
LEAL, Érica Ribeiro Sakaki; SANTOS, Tácio da Cruz Souza. Da ilusão de liberdade ao trabalho sem fim: o auge da informalidade no trabalho via plataforma digital da Uber. Revista eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia, Salvador, v. 9, n. 13, p. 40-58, maio 2021.Ítems relacionados
Mostrando ítems relacionados por Título, autor o materia.
-
A informalidade do trabalho infantil nas plataformas digitais sob a perspectiva da regulação jurídica brasileira conforme a Recomendação n. 204 da OIT
Gomes, Ana Virgínia Moreira; Cruz, Patrícia Moura Monteiro | dez. 2023[por] A exploração do trabalho infantil por meios digitais constitui um problema que ultrapassa fronteiras geográficas e desperta especial atenção da Organização Internacional do Trabalho - OIT, que reconhece a elevada incidência da economia informal como um desafio para os direitos dos trabalhadores e luta pela erradicação ... -
Relações entre trabalhadores e plataformas e aplicativos: da ausência de subordinação à subordinação algorítmica
Goldschmidt, Rodrigo; Cani, Elcemara Aparecida Zielinski | 2022Com o avanço da tecnologia e o advento de novas formas de trabalho, especialmente aquelas desempenhadas a partir de aplicativos e plataformas, o mundo do trabalho enfrenta novos desafios e novas problemáticas. Uma das questões discutidas atualmente é a condição jurídica dos trabalhadores por intermédio de plataformas ... -
Empreiteiros digitais dependentes: análise comparativa atual da jurisprudência dos tribunais regionais do trabalho
Ribeiro, Viviane Lícia | dez. 2022[por] O trabalho intermediado por plataformas digitais é uma das transformações mais importantes das relações de trabalho da atualidade. O crescimento exponencial dessa forma de prestação de serviços traz consequências diretas ao mercado de trabalho e, por conseguinte, ao direito do trabalho, oferecendo nova combinação ... -
O fenômeno da uberização laboral e as formas de proteção ao trabalhador uberizado pelo direito do trabalho brasileiro
Vargas Neto, Homero Fauth | 2021[por] Trata acerca do novo fenômeno do mundo do trabalho, conhecido como uberização laboral. Os avanços tecnológicos têm modificado todos os aspectos de nossas vidas, incluindo as relações de trabalho. O trabalho tem sido executado por meio de plataformas digitais criadas por grandes empresas de tecnologia, que fazem uso ... -
Proteção à saúde ocupacional dos trabalhadores em plataformas digitais
Chehab, Gustavo Carvalho | jun. 2022[por] Estuda a proteção à saúde ocupacional dos trabalhadores em plataformas digitais. O objetivo é saber se esses trabalhadores, empregados ou autônomos, dispõem de proteção constitucional à saúde no trabalho, qual o seu alcance e o grau de responsabilidade de aplicativos e de empresas fornecedoras de serviços e de ... -
Sujeitos coletivos de trabalho e o trabalho no século XXI: organização coletiva dos trabalhadores de plataformas digitais
Cabral, Angelo Antonio; Paula, Guilherme Lima Juvino de | mar. 2020[por] O constante avanço tecnológico-informacional aliado à intensificação da prestação de serviços por meio de plataformas digitais interfere de maneira substancial nas relações, institutos e os direitos laborais dos trabalhadores, empregadores e entes coletivos trabalhistas. Nesse contexto, este artigo examinou as novas ... -
A gig economy e a organização sindical
Burmann, Marcia Sanz; Borba, Maria Alexandra André | nov. 2019[por] Debate se os trabalhadores da chamada "gig economy", contratados sob a intermediação de plataformas digitais para execução de tarefas pontuais e sem vínculo, podem se organizar num ambiente de liberdade sindical e obter reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, direitos fundamentais consagrados pela ... -
O impacto do capitalismo de plataforma no agravamento da vulnerabilidade algorítmica do consumidor e do trabalhador
Verbicaro, Dennis; Maranhão, Ney Stany Morais; Calandrini, Jorge | jun. 2022[por] Identifica os efeitos e características do capitalismo de plataforma nas relações consumeristas e trabalhistas. Analisa-se, especificamente, a vigilância constante e a vulnerabilidade algorítmica, que se caracterizam como um dos efeitos mais perniciosos aos trabalhadores e consumidores. Neste sentido, investigam-se ... -
Breves considerações sobre a regulação do trabalho em plataformas digitais na União Europeia, na França e no Brasil
Gauriau, Rosane | set. 2021[por] Examina, brevemente, as recentes iniciativas no âmbito da União Europeia, França e Brasil relativamente à regulação do trabalho em plataformas digitais. A crise sanitária da Covid-19 acelerou a transformação digital e a expansão dos modelos de negócios de plataforma digital na Europa e não foi diferente no Brasil. ... -
A quarta revolução tecnológica e o trabalho na gig economy: limites e fronteiras do direito do trabalho na proteção dos trabalhadores em aplicativos
Rocha, Cláudio Jannotti da; Oliveira, Marcos Paulo da Silva | abr. 2021[por] Avalia a Quarta Revolução Tecnológica, a partir de revisão bibliográfica de cunho jurídico e sociológico, destacando- se o fenômeno da Gig Economy, pelo qual o trabalho humano passou a ser prestado com o intermédio de plataformas digitais, próprias da era da tecnologia da informação e comunicação. A partir de método ...